Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que o câncer de próstata no Brasil é o segundo mais comum entre os homens. O mês de novembro serve como uma maneira de reforçar a importância da prevenção.
A detecção pode ser feita por meio da investigação, realizando exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas ou através de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
Entrevistamos o Dr. Gustavo Schvartsman (Oncologista Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein), que relata as estratégias para detecção precoce do câncer de próstata.
Dr. Gustavo Schvartsman
Graduado em Medicina e com Residência em Clínica Médica pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo, realizou Fellowship Clínico e Oncologia Clínica pelo MD Anderson Câncer Center em Houston, Texas. Atualmente é Oncologista Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, coordenador do programa de Terapia Celular em Oncologia do hospital e faz parte do conselho médico do Instituto Protea.
R. A dosagem do PSA tem maior benefício entre 50-69 anos de idade do homem. Em alguns grupos de risco, como pacientes afrodescendentes ou com história familiar de câncer de próstata, sugere-se iniciar a coleta aos 45 anos de idade.
R. A maior parte dos cânceres de próstata surge após os 60 anos de idade, sendo muito raro antes dos 40 anos.
R. Muitos diagnósticos são feitos através da coleta do PSA, ainda em uma fase assintomática. Essa detecção é preferível, pois possibilita o diagnóstico precoce, antes de o tumor adquirir um tamanho suficiente para causar sintomas. Nos casos onde há sintomas, eles podem incluir tanto sintomas locais, como diminuição do jato urinário, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, gotejamento urinário, ardor ao urinar, como sintomas de doença metastática, em apresentação menos frequente, que pode incluir dor óssea, emagrecimento.
R. O PSA anual é o método de escolha para o rastreamento do paciente assintomático. O toque retal tem papel controverso, sendo útil somente para avaliação de uma porção da próstata. Se há suspeita clínica ou elevação de PSA, indica-se uma ressonância de próstata antes da biópsia, para aumentar as chances de poupar o paciente de um procedimento desnecessário e maximizar as chances de acertar o local com maior probabilidade de conter um tumor mais significativo. Após, segue-se então com a biópsia. Na confirmação do câncer, realiza-se o estadiamento, para buscar doença metastática, antes de decidir o melhor tratamento.
R. Há um estigma de que o homem possa parecer vulnerável ao buscar ajuda médica, sendo historicamente provedor da sua família. Há o estigma sobre a necessidade de ir ao urologista e realizar toque retal, algo que não é necessariamente indicado para todos os pacientes, e afasta o paciente do exame de PSA. O principal para os homens é ter um acompanhamento com seu médico da família, e realizar os exames que sabidamente reduzem a mortalidade de alguns cânceres, como de próstata e de intestino.
R. O câncer de próstata tem alguns fatores de risco que são modificáveis e outros que não são. Os primeiros incluem hábitos alimentares, com alguma relação entre consumo elevado de produtos derivados do leite (particularmente de má qualidade, onde há marcadores pró-inflamatórios no leite, de grandes fazendas que alimentam artificialmente e aglomeram os animais). A obesidade está associada a diagnóstico de tumores mais agressivos. Fatores não modificáveis incluem a idade mais avançada, ascendência africana e história familiar.
R. O tratamento da doença localizada é feito ou com cirurgia, idealmente por via robótica, ou com radioterapia. Para a doença avançada, o principal método de tratamento sistêmico é através da supressão da testosterona, que é o principal fator estimulador das células prostáticas. Diversos outros tratamentos já estão disponíveis ou estão sendo desenvolvidos, melhorando significativamente a sobrevida dos pacientes com doença incurável.
R. A campanha tem como função trazer a discussão sobre a saúde do homem, que ainda permanece um tabu. A mulher cuida da sua saúde física e mental desde a adolescência e já tem uma rotina de ir ao médico anualmente. O homem tende a ir ao médico apenas quando tem algum problema mais grave. É preciso mudar essa cultura, para que o trabalho de prevenção, e não de tratamento, possa ser melhor desempenhado.
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