Capital de giro é um termo que faz parte do dia a dia de quem busca conquistar sucesso por meio de um empreendimento próprio, como é o sonho de uma parte dos brasileiros. Afinal, para manter um negócio, é necessário muito mais que criatividade e esforço, mas sim pensar em todos os detalhes. E é aí que entra o capital de giro.
A vontade de empreender nunca esteve tão em alta. Segundo dados do Portal do Empreendedor, entre o início e o fim de 2020, houve um crescimento de 13,23% no número de aberturas de empresas no Brasil. Mas iniciar um negócio sem planejamento pode significar comprometer o sucesso da empreitada, já que a saúde financeira está intimamente ligada a ele.
Mas, antes de tudo, o que é o capital de giro? Neste artigo, vamos te explicar tudo que você precisa saber sobre o tema, para colocar os ensinamentos em prática no seu dia a dia e obter muito sucesso.
Como o nome diz, é o capital, ou seja, dinheiro que faz a sua empresa girar, aquilo de que o seu negócio precisa para funcionar. É o volume financeiro que definirá como a empresa atuará.
Ele é medido por todos os bens financeiros da empresa, como saldo bancário, contas a receber, mercadorias que há no estoque, aplicações e investimentos, entre outros. Em linhas gerais, é a diferença entre o dinheiro disponível pela empresa e o valor dos gastos e dívidas, como pagamento reservado para fornecedores, funcionários, manutenção de maquinário, despesas como energia elétrica, água, internet.
O capital de giro deve fazer parte do planejamento financeiro. O empreendedor precisa dedicar uma atenção especial para entender a situação do fluxo de caixa da empresa. Mas não é sempre que isso acontece, principalmente com micro e pequenas empresas que não investem em planejamento de despesas e tendem a fechar as portas logo no primeiro ano de operação. Estima-se que uma a cada cinco tem o seu fim antecipado.
As micro e pequenas empresas trabalham, normalmente, com uma base financeira mínima, sem grandes possibilidades de lidar com emergências. Um exemplo disso é flexibilizar os prazos de pagamento dos clientes sem entender a necessidade de ter esse valor no caixa para pagar a fornecedores, por exemplo. Sem a entrada de dinheiro no caixa, o negócio consegue se sustentar por quanto tempo?
Um valor que ainda está para entrar no caixa não é um valor que pode ser reservado para pagamento das despesas imprescindíveis.
Sim, você pode incluir o valor no seu controle de recebimentos, mas não comprometa um dinheiro que ainda não foi recebido, pois ele pode não ser pago, e você precisará tirar de outro local para cobri-lo.
Ter um estoque muito além do que é vendido pode ocasionar perda de itens e causar prejuízos, já que a mercadoria fica parada por um longo tempo e pode ter uma data de vencimento próxima, ou não ser estocada de forma correta para manter sua qualidade e acabar estragando. No caso de produtos perecíveis, o risco de ocorrências como essa é ainda maior.
Não vale a pena aproveitar uma promoção imperdível para comprar um item que tem pouca saída – o espaço do estoque vai estar comprometido, os produtos podem perder a qualidade, e o prejuízo será certo.
Para ajudar no dia a dia, é recomendado ter um software que controle o estoque e monitore as entradas e saídas. Existem diversos programas especializados em vistoriar o estoque, pagos, com preços acessíveis, ou até mesmo gratuitos.
Entenda o seu fluxo de caixa e calcule a necessidade de compra de cada produto. Uma dica é criar um planejamento de compras. Isso serve tanto para produtos que são vendidos/consumidos no seu negócio quanto para aqueles usados internamente pela sua equipe, como papel-toalha, produtos de limpeza, entre outros. Tenha tudo anotado.
A falta de negociação com fornecedores em caso de emergências pode ocasionar perda financeira para a empresa.
Comece mantendo sempre uma boa relação com seus parceiros e fornecedores, pois são eles que fornecerão os produtos ou serviços para venda. Sem eles, o seu negócio, definitivamente, fechará as portas.
No início da parceria, negocie valores e prazos para pagamento. Certifique-se de que terá dinheiro em caixa no dia do pagamento de seus parceiros, para evitar atrasos e possíveis multas e juros.
Em caso de emergência, busque negociar com os fornecedores logo quando perceber que não será possível realizar o pagamento. Não deixe para a última hora. Comece negociando com aqueles que representam um grande impacto na sua produção, para, então, ir para os que têm pouco ou quase nulo impacto.
Leia também!
10 dicas para renegociar com seus fornecedores e sair mais forte de uma crise
Como já dissemos, não adianta vender a prazo e não conseguir arcar com os compromissos da empresa.
O parcelamento é algo muito utilizado pelo brasileiro – grande parte dos negócios oferece,e é uma boa estratégia para atrair o público. Mas é preciso ter um controle de todos os pagamentos que estão para entrar; só assim, você saberá o quanto esperar. Mas não esqueça de se atentar à dica dada mais acima: não conte com os pagamentos futuros para o pagamento de despesas primordiais.
Imagine o seguinte cenário: o empreendedor não fez o planejamento do negócio, está trabalhando com um capital de giro muito baixo, ou seja, sem reserva financeira, e surge uma emergência que, caso não solucionada, comprometerá o futuro da empresa. O que ele faz? Pede um empréstimo ao banco, mas esquece que já tem outros empréstimos pedidos anteriormente em situações parecidas.
Essa parece ser uma situação adversa. Mas, acredite, é muito comum!
Em alguns casos, solicitar um empréstimo é uma boa opção, mas é preciso ter cautela, é necessário planejamento. Não opte por empréstimos como primeira opção.
Algumas empresas acabam tendo, no decorrer da sua história, alguns gastos que talvez não sejam tão necessários e, que no fim do ano, impactam diretamente a parte financeira. Por isso, tente fazer uma lista de todos os gastos e do valor de cada um – isso vale tanto para processos internos como para os externos.
Despesas que podem parecer pequenas escondem surpresas e, quando ignoradas, acabam gerando altos custos.
Por exemplo, é preciso ter uma grande máquina de café automática numa empresa com poucos funcionários? Não seria mais prático ter uma cafeteira menor e que consuma menos energia, água e pó de café? É uma questão de priorizar despesas. Quais são realmente necessárias?
Como já dissemos, o capital de giro deve ser reservado para as despesas do negócio, sejam elas para pagar funcionários, comprar ou trocar maquinários ou repor o estoque. E, nos primeiros meses de empresa, é muito comum que se utilize um valor como capital que não dependa exclusivamente do seu faturamento.
Especialistas indicam que se reserve 50% a 60% do valor investido no negócio, para ser usado como capital de giro. Mas cada negócio é um caso diferente, então separamos algumas dicas de como calcular o capital de giro.
O fluxo de caixa é uma ferramenta que ajuda a acompanhar as movimentações financeiras da empresa. É por meio dele que você descobrirá indicadores para tomar decisões estratégicas.
Para criar um fluxo de caixa, primeiro verifique o saldo que a empresa tem em caixa no momento. Com base niss, identifique as suas receitas e despesas e lance-as no seu fluxo com as datas de recebimento e pagamento. Desse modo, você consegue manter a previsão de entrada e saída atualizada.
É importante sempre manter esse fluxo atualizado, pois, por meio dele, você conseguirá entender os gastos e entradas que tem e, em cima desse número, você reserva uma porcentagem para ser usada em caso de emergências.
Entenda quanto tempo a sua reserva pode durar. Para isso, faça o mesmo do passo anterior: calcule suas despesas obrigatórias e subtraia o valor da sua reserva pelo total das despesas mensais e, assim, terá uma base de quanto tem disponível.
Entender como o seu negócio pode crescer por meio do planejamento é algo que todo empreendedor deveria saber. Abaixo, listamos os benefícios do capital de giro para sua empresa.
Crescer com sabedoria é o sonho de todos os empreendedores. Para isso, é preciso planejamento e olho no futuro.
No início do negócio, é comum que ele não seja tão conhecido, não tenha uma grande clientela ou fornecedores em que se possa confiar plenamente; afinal, tudo é novo. O mesmo acontece com as entradas no caixa: você pode tentar prever o quanto entrará, mas dificilmente conseguirá ser certeiro.
O capital de giro entra nessa etapa como algo crucial para a empresa se manter até que o negócio consiga engrenar e obter receita por meio de clientes.
Lembra que falamos anteriormente que uma empresa sem controle acaba vendendo a prazo e depois não consegue identificar o quanto tem para receber? Com um capital de giro bem estruturado, a sua empresa pode vender a prazo sem grandes preocupações.
A venda a prazo possibilita maior competitividade com seus concorrentes sem criar problemas para a empresa, já que, com o capital, é possível suprir as lacunas do caixa.
Nada é mais importante para a saúde de um negócio que ter um bom controle financeiro. Planejar as finanças nos mínimos detalhes faz a diferença em momentos de crise, como a causada pela pandemia de covid-19, e também no dia a dia.
Com o capital de giro, você conseguirá se planejar melhor e investir em melhorias para o seu negócio. Com a saúde da sua empresa em dia, sobra mais tempo para focar os departamentos que precisam de atenção também, como atendimento, compras, entre outros.
Usando o capital de giro, a empresa tem mais liberdade para atuar em , permitindo que a empresa se sustente mais confortavelmente nesses momentos, até que tudo volte à normalidade.
Com ele, é possível analisar se aquela expansão do espaço ou da equipe que estava programada antes do desaceleramento da economia pode ser mantida, ou até mesmo investir na extensão do leque de produtos ou soluções criadas pela sua empresa. É tudo uma questão de prioridade.
Separamos um vídeo do nosso parceiro Sebrae que fala um pouco mais sobre capital de giro.
Assista!
Neste artigo, você aprendeu a importância do capital de giro, os maiores erros ao lidar com ele, como funciona o cálculo e como ele pode ajudar no crescimento da sua empresa.
Veja também nosso artigo sobre como empreender com sucesso como MEI ou autônomo: https://roldao.com.br/como-empreender-com-sucesso-como-mei-ou-atonomo/